quarta-feira, 17 de abril de 2013

As relações

Quando se sofre um acidente como meu as relações mudam muito. Mas podem acreditar o que mais nos incomoda é a de sermos tratados como crianças ou como alienígenas ... rs. Portanto tentem agir naturalmente.
Sabe, no início tudo é muito louco e muita gente e nem você acredita no que aconteceu! Minha casa vivia repleta de gente e como sempre fui muito popular tinha gente de todo tipo, uma diversidade só! Parecia até o programa da Regina Casé!
O tempo passa e por ele e com ele as pessoas somem, as prioridades mudam, as relações mudam, sentimentos também e ai como nossa vida enquanto deficiente requer uma demanda enorme de coisas e afazeres, naturalmente o afastamento ocorre.
Eu não me aborreço com isso, não pensem nisso como uma reclamação por favor!
Mas acabamos por descobrir quem são e o que são as pessoas em nossas vidas ... sem menosprezar ninguém e nem ignorar o que passam na vida ... ela é cíclica!
Olha, eu continuo tendo muitos amigos, perdi alguns e ganhei novos e muitos ... amores ... perdi, ganhei, perdi novamente e a vida segue.

Muitas questões são levantadas a respeito das relações com deficientes, principalmente as sexuais. Mas vamos devagar né? rs ... Eu fico imaginando mil coisas ... viajo! Vamos por parte.
A família tende a te proteger como um bebê e se puder a redoma de vidro é montada, normal ... proteção total! Paciência e muuuuuuuuuuiiiiiito amor pra lidar com isso. Já os amigos, bom ... a maioria totalmente desencanada, mas na hora de te chamar pra sair, viajar e afins ... hum ... será que dá? será que pode? tem lugar? e a cadeira? Ah ... a danada da cadeira, vira um ocupante! E ai? 
Se o seu desejo maior é de estar com essa pessoa (ou outra) que hoje se encontra em uma cadeira de rodas ou tenha outra limitação, pergunte a ela se ela se quer ir, me pergunte! Sei do que preciso, do que posso e o que quero desbravar e jamais me colocarei em risco! Com um pouquinho de boa vontade e amor tudo da certo e por minha conta diversão garantida! É só chamar que eu vou, como canta lindamente Pedro Mariano.
Bom, quanto ao amor ... é verdade! Podemos TUDO! Nesses três anos vivi de tudo, me permiti ... afinal to vivinha da Silva! Um amor que se foi, um antigo que chegou e também se foi e uma nova paixão que também se foi ... digo que de minha parte tudo foi vivido de maneira verdadeira e muito intensa, sou assim. 
Agora deixo uma pergunta no ar: Todos se foram? Como pode ser essa relação? Você se deixaria levar por uma paixão assim? Se apaixonaria por um/uma cadeirante?
Informação demais né? Eu volto contando alguns detalhes sórdidos e esclarecendo algumas dúvidas e dando algumas instruções pra não pagar mico né? Perguntem a vontade!! Se eu souber ... aguardem relações parte 2. Beijos ...





sábado, 13 de abril de 2013

Espelho ...

Assim como toda mulher eu não podia ver um espelho ... em casa era uma demora pra sair!!! Mas na condição de andante eu era terrível! Não podia ver nada que refletia minha imagem ... dava aquela olhadinha, arrumava o cabelo, dava uma voltinha, conferira o bumbum e seguia cofiante!
Mas não ... espelhos me perturbam, vejo uma figura que não sou eu ... dói ... sem roupa então!
Mas o tempo passou e espelho só para o rosto rss ... fotos sim! Adoroooooooo  e até gosto do que vejo! Mas espelhos não!
Sabe, o espelho se prestarmos bem atenção refletem além do que vemos e se olharmos bem fundo aos nossos olhos conseguimos ver além. As máscaras caem e o nosso verdadeiro eu surge ... aquela imagem refletida morre e efetivamente nos descobrimos e percebemos o que realmente somos, nada.
Quando faço esse exercício, lembro da minha infância e dos meus segredos os mais ocultos, da minha vida boa, do colégio, a música, família e de como me tornei essa pessoa adulta ... penso, penso e se olhar fixamente até me assusto! Somos podres! Repugnantes! Deveríamos olhar mesmo para os valores, bons valores que foram trazidos para nós até aqui e quanto tempo faz. A beleza ... ah a beleza está naquilo que valorizamos e na maioria das vezes é NADA!
Hoje compramos um belo pacote e a medida que o embrulho se desfaz nos decepcionamos e mesmo assim queremos dar um jeitinho, ver que o laço não se desfez e que um rasguinho aconteceu e que a verdade está ali e nem sempre é o que queremos ver e aceitar.
É estou nesse momento ... vendo sujeiras, verdades, inverdades e descobrindo coisas que não gostaria de sentir mas sinto. Vendo a pessoa que me criou e deixou muito de si em mim, que saudade e falta ela me faz ... minha avó ... a vejo e sou eu ... hoje vejo ainda mais a falta que me faz ... e por vezes me confundo com os demais ... aqueles que passaram pela minha vida e deixaram marcas boas ou ruins ... será que você  não esta aqui, em mim?
Façam esse exercício desafiador eu ainda estou nele, habituada já com meus adversos que são muitos e outros ainda viram, é a vida! 
Ah! Eu já consigo me olhar no espelho um pouquinho mais, mas o meu medo maior é dele se quebrar.